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Infertilidade e suas repercussões emocionais

Quase todos nós desde a mais tenra idade somos criados com o intuito de gerarmos filhos e constituir uma família padrão. O projeto comum de ter filhos e construir a própria família se torna um momento existencial muito importante, tanto para o homem como para a mulher, ou seja, um momento muitas vezes esperado e idealizado pela maioria dos casais.

No entanto, quando o projeto de ter filhos é interrompido ou modificado pelos problemas ligados à infertilidade, uma situação emocional bastante específica se instala em cada um dos companheiros, alterando com maior ou menor intensidade o vínculo conjugal, as relações sociais e familiares e o bem-estar físico e mental.

Na realidade, o que todos nós desejamos é sermos felizes nos nossos relacionamentos e, não necessariamente precisamos ter filhos para complementar a nossa felicidade. Por isso, uma pergunta fundamental que deverá ser feita é se realmente queremos ter filhos para complementar nossa família, ou a decisão de tê-los é mais em função da pressão exercida por nossos familiares e amigos?

Hoje, uma boa assistência ao casal com dificuldade de engravidar obrigatoriamente deve ser feita por uma equipe multidisciplinar. Nessa situação é de suma importância a avaliação do estado emocional do casal. A investigação da causa da infertilidade só será realizada se o estado emocional não estiver interferindo de maneira significante no dia a dia dessas pessoas.

O suporte inicial é dado pelo especialista em medicina reprodutiva, que discutirá com o casal informações como opções de tratamento existentes, as chances de sucesso e a possibilidade real de engravidar. Caso haja necessidade, o mesmo poderá encaminhá-los ao psicólogo para uma melhor orientação, com o objetivo de buscar apoio necessário nesse momento especial de preparo para a concepção e gestação de um novo ser.

Para alguns casais, a descoberta de que são inférteis é apenas um outro episódio em suas vidas. Talvez um pouco desconcertante e surpreendente a princípio, mas nada para ficarem tristes durante muito tempo.

Para outros, a descoberta de que têm um problema de infertilidade é uma crise de vida importante. É seguro dizer que a maioria das pessoas toma como certo sua própria capacidade de se reproduzir. Afinal, o que lhe disseram no ginásio? O que lhe disse sua mãe quando foi para faculdade? Todos diziam que você teria de batalhar para não ficar grávida ou para não engravidar a sua namorada. Ninguém lhe advertiu que você poderia ser infértil.

É muito natural, portanto, que a sua dificuldade em engravidar seja hoje o fato mais infeliz de sua vida. Uma situação tão difícil que talvez você não esteja se chamando de infértil. Embora a infertilidade seja um estado dinâmico que não a impeça de ter um bebê, a palavra tem uma conotação negativa e derradeira que não nos admira o fato de muitos casais não a aceitarem. Alguns preferem pensar em si mesmos como a luta para entender a sua fertilidade em vez de investigar a sua infertilidade. Independentemente de como você rotule o problema, porém, se você suspeitar de que há algum relacionado à fertilidade, talvez ajude a reconhecer alguns dos estágios pelos quais passam muitas pessoas em seu esforço em lidar com a percepção.

ESTÁGIOS DAS REAÇÕES EMOCIONAIS À INFERTILIDADE

Bárbara Eck Menning e um grupo de apoio a casais inférteis, por quem é responsável, aplicaram à infertilidade os estágios identificados por Elisabeth Kubler-Ross em seu trabalho sobre a morte e o processo de morte. Esses estágios são:

• de negação (“Comigo não!”)

• de raiva (“Por que eu?”)

• de barganha e culpa (“Sim, eu, mas e se eu…”)

• de depressão (“Sim, eu, mas…”)

• de luto e aceitação (“Sim, comigo, e posso aceitá-lo”)

Muitas pessoas inférteis acrescentariam o estágio de “surpresa” ao alto da lista. Quem imaginaria que todo o dinheiro gasto em contracepção durante anos foi um desperdício? Quem pensaria que, num casamento tão maravilhoso algo tão elementar, como espermatozóides e óvulos, pudesse ser tão pouco cooperativo? Quem iria imaginar que você e seu companheiro não seriam como seus pais, seus irmãos e seus primos, que tiveram tantos filhos que não sabiam o que fazer?

Texto: Dr. Jules White  M.D.; Ph.D. – CRM 1992