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Vitrificação de oócitos: uma nova maneira de parar o tempo

As técnicas de Reprodução Humana Assistida estão se desenvolvendo cada vez mais rápido e auxiliando casais a realizarem o sonho de terem filhos. Uma proposta atual que vem complementar essas técnicas e, consequentemente, a preservação da fertilidade feminina é a vitrificação de oócitos.

Essa nova proposta vem sendo sugerida nas seguintes situações: (I) doenças crônicas e/ou tratamentos que possam acarretar a perda de fertilidade; (II) declínio da função ovariana em relação à idade; (III) risco de síndrome de hiperestimulação ovariana; (IV) não obtenção de esperma para a fertilização; (V) auxílio na sincronização dos ciclos de ovodoação; (VI) razões éticas ou religiosas decorrentes do congelamento de embriões; (VII) qualquer outra razão pessoal em que a mulher deseje postergar a gravidez.

A vitrificação consiste no congelamento ultrarápido de amostras biológicas combinando volume mínimo e alta concentração de crioprotetores, o que resulta em um considerável aumento da viscosidade da solução. Este aumento repentino da viscosidade impede a formação de cristais de gelo reduzindo o dano celular e aumentando, desta forma, a incidência de resultados clínicos satisfatórios.

Porém, é necessário que certos parâmetros sejam observados para o melhor estabelecimento da técnica. O número de oócitos vitrificados e a idade da paciente são fatores muito relevantes no processo. Na maior parte dos centros, considera-se 10 oócitos um número “seguro” para a preservação da fertilidade, contudo, a qualidade desses gametas também deve ser levada em conta, assim como doenças pré-existentes (SOP, por exemplo) e a idade. Não existe um critério formalmente estabelecido quanto à idade limite, portanto, cabe a cada centro fixa-lo5. Sob um consenso de nossa equipe, em nosso centro, o procedimento é oferecido a pacientes com até 38 anos, com a vitrificação de no mínimo 10 oócitos, observados os critérios de exclusão.

Um estudo recente mostra que o processo de vitrificação minimiza os impactos mecânicos, químicos e termais causados nos oócitos, o que é corroborado por altas taxas de sobrevivência (81%) e fertilização (77%). Esses relatos são confirmados por Martínez-Burgos et al., que reportaram taxa de sobrevivência similar (86,8%) em estudo realizado no início deste ano, ressaltando o papel da vitrificação como a mais promissora técnica para o armazenamento de oócitos.

Portanto, a efetividade na preservação de oócitos adia claramente a vida fértil da mulher, possibilitando a flexibilização da vida pessoal (carreira, vida afetiva) ou até mesmo o resgate da capacidade reprodutiva após tratamentos que comprometam a fertilidade.

Hamilton de Martin
Biólogo CRBio 24465-2D

Priscila Maestrelli
Bióloga CRBio 50953-7D

Sara Ceschim
Farmacêutica CRF/ES 3203

Referências
1 – Jain JK, Paulson RJ. Oocyte cryopreservation. Fertility and Sterility, 2006. 86; 1037-46.
2 – Smith GD et al. Prospective randomized comparison of human oocyte cryopreservation with slow-rate freezing or vitrification. Fertility and Sterility, 2010. 94; 2088-95.
3 – Martínez-Burgos M et al. Vitrification versus slow freezing of oocytes: effects on morphologic appearance, meiotic spindle configuration, and DNA damage. Fertility and Sterility, 2011. 95; 374-7.
4 – Bonetti A et al. Ultrastructural evaluation of human metaphase II oocytes after vitrification: closed versus open devices. Fertility and Sterility, 2011. 95; 928-35.
5 – Rudick B et al. The status of oocyte cryopreservation in the United States. Fertility and Sterility, 2010. 94; 2642-46.